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Meio Ambiente
SUS em Foz adota plantas medicinais de Itaipu
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05/06/2008

A partir deste sábado (7), os moradores de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, passam a contar com um serviço pioneiro na área de saúde pública. Uma equipe multidisciplinar de médicos atenderá à população prescrevendo tratamentos que se utilizam exclusivamente de plantas medicinais fornecidas pela Itaipu Binacional. A experiência faz parte do projeto Plantas Medicinais, mantido pela empresa, que cultiva e estuda fitoterápicos no horto localizado no Refúgio Biológico Bela Vista, junto à usina.

 

As plantas são fornecidas gratuitamente e os profissionais de saúde responsáveis pelo atendimento passaram por cursos de capacitação sobre o tema. De acordo com o superintendente de Meio Ambiente da Itaipu e gestor do projeto, Jair Kotz, a iniciativa é uma referência para a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, estabelecida pelo decreto 5.813, de 2006. “É uma experiência que está mais avançada do que em outros lugares do país porque aqui ela foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirma.

 

O projeto trabalha exclusivamente com variedades de plantas que têm sua eficiência em tratamentos de saúde cientificamente comprovada. Uma pesquisa realizada na região Oeste do Paraná indicou que 85% da população utiliza fitoterápicos, mas esse uso nem sempre é correto. Às vezes as pessoas se enganam quanto aos benefícios da ou então quanto ao manejo. “Dependendo do horário em que a planta é colhida, por exemplo, o princípio ativo está na raiz ou na folha”, exemplifica Kotz.

 

O programa conta com a participação de 23 instituições parceiras, entre universidades, associações de produtores e de moradores, e órgãos de governo. A principal colaboração dos parceiros está na capacitação de profissionais. Desde o início do projeto, em 2003, passaram por cursos e seminários 1.730 agentes de saúde, 412 nutricionistas e 70 médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos. “A adoção de plantas medicinais pelo SUS depende do profissional de saúde, que é quem prescreve o tratamento. Uma barreira que identificamos é que os cursos de graduação da área de saúde, em geral, não transmitem conhecimentos sobre fitoterápicos”, diz o gestor do projeto.

 

Alguns dos médicos que passaram pelo programa de capacitação, por iniciativa própria, já vinham ministrando o uso de plantas medicinais em alguns postos de saúde de Foz do Iguaçu, Vera Cruz do Oeste  e Toledo, onde obtiveram resultados clínicos comprovados em tratamentos de pressão alta, diabetes, tabagismo, problemas do sistema digestivo, entre outras doenças. Porém, a partir deste sábado, por iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, a adoção pelo SUS é oficial e passa a fazer parte de um centro de atendimento integral à saúde que, futuramente, deverá incluir também tratamento homeopático e acupuntura.

 

Para evitar a atividade extrativa, prejudicial ao meio ambiente, o projeto trabalha exclusivamente com plantas cultivadas no horto da Itaipu e junto à agricultores orgânicos credenciados. Além das plantas nativas, há também variedades trazidas pelos imigrantes europeus, já adaptadas à região. No horto, em apenas um hectare, são produzidas 144 espécies. Além do manejo correto, a produção oferece a garantia de cultivo orgânico (sem pesticidas), a correta embalagem (o contato com a luz reduz as propriedades curativas) e controle de qualidade. Nesta fase inicial, serão fornecidos 30 espécies de plantas medicinais.

 

Estratégias

 

O projeto Plantas Medicinais da Itaipu trabalha em várias frentes. Uma das estratégias é o levantamento etno-botânico da região. Através de pesquisas nos remanescentes da chamada Mata Atlântica do Interior (localizados na província de Missiones, na Argentina, no Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, na faixa de proteção do reservatório da usina, e em algumas reservas paraguaias) está sendo produzido um inventário das variedades de plantas medicinais da região. As pesquisas incluem também o resgate de conhecimentos tradicionais das comunidades indígenas. O resultado futuramente será transformado em livro.

 

Outra estratégia é o incentivo à adoção de plantas medicinais na alimentação, na forma de condimentos. A Itaipu promove cursos para nutricionistas e merendeiras, visando à adoção desses temperos na merenda escolar, e estimula a criação de novos pratos através de concursos de receitas para essas profissionais.