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Sismógrafos de Itaipu registram tremor
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25/04/2008

O terremoto de magnitude de 5,2 graus na escala Ritchter, que tomou conta do noticiário dos últimos dias, foi captado pela rede de sismógrafos de Itaipu. O tremor ocorreu no mar, a 250 km de São Vicente, no litoral paulistano, e foi sentido por moradores de várias cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Mas na barragem de Itaipu, não passou nem perto.

 

 

A estação Monday

Embora não sejam freqüentes no Brasil, já ocorreram outros terremotos ainda mais intensos por aqui. Todos foram registrados pela rede sismográfica da IB. São seis estações espalhadas em áreas isoladas ao longo do reservatório, três no Brasil e três no Paraguai, além de uma instalada no topo da barragem. Cada estação conta com um sismógrafo e uma antena para enviar as informações. Os dados são tratados em uma central, na Itaipu.

 

A rede de Itaipu faz parte da rede sismológica brasileira e mundial, e pode ser usada para detectar sismos em qualquer parte do País e do mundo. Os dados são coletados e enviados a cada 15 dias para a Fundação Universidade de Brasília (FUB), que trata as informações. No último sismo ocorrido no litoral de São Paulo, as seis estações verificaram o tremor, a sétima, instalada na barragem, nem se mexeu.

 

Segundo o gerente da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura (ENCC.DT), Cláudio Porchetto Neves, o sétimo sismógrafo (acelerômetro) verifica se há algum tremor na barragem de Itaipu. “A barragem absorveu bem a vibração”, afirmou. Ele lembra do sismo de 8,0 graus na escala Ritcher, que ocorreu no litoral do Peru em agosto de 2007, cujo tremor na barragem foi verificado somente nos aparelhos mais sensíveis – os pêndulos que ficam suspensos no interior da barragem. Porchetto lembra que a barragem de Itaipu é preparada para suportar tremores muitas vezes superior a essas últimas ocorrências.

 

Mas o terremoto teve algum efeito na nossa região? “Você sentiu em casa? Eu não senti”, respondeu Porchetto. Para ser percebido pelas pessoas, além da magnitude do terremoto é também importante a localização de seu epicentro, ou seja, onde ele ocorreu. É como o soar da buzina de um carro ser percebido por pessoas localizadas a um metro, a dez metros ou a dez quilômetros de distância do carro. O barulho (magnitude) foi o mesmo, mas o efeito (tremor) foi diferente para cada pessoa.

 

A função do sismógrafo é justamente calcular o epicentro e a magnitude do tremor. Para que isso seja feito, é preciso que o trabalho ocorra em rede. Cada aparelho percebe a primeira e a segunda onda de vibração e, pela diferença de chegada entre as ondas, ele consegue calcular a distância em que ocorreu o terremoto em relação ao local onde o sismógrafo está localizado. Com o cruzamento de dados de vários sismógrafos, sabe-se o local exato do epicentro do tremor.

 

A rede foi criada na época da formação do lago de Itaipu, com o objetivo de calcular o impacto dos 23 bilhões de metros cúbicos de água sobre a crosta terrestre. “Ela não tem objetivo de medir terremotos em outros locais, mas algum sismo provocado pelo reservatório”, colabora o engenheiro civil, Pedro Carvalho Thá, um dos responsáveis pela sismologia na ENCC.DT.

 

“Na época em que foi criada a rede não se sabia se a nossa região estaria ou não sobre uma falha geológica”, disse Pedro. Se esse fosse o caso, o peso da água e a lubrificação das áreas de contato das rochas pela água poderiam provocar sismos de pequena magnitude. Mas isso é impossível, visto que o lago não se localiza em área de contato de rochas. Por isso, os sismógrafos funcionam como proteção jurídica à Itaipu, para provar que o lago não provoca tremores de terra na região.

 

Segundo Porchetto, a rede de sismógrafos de Itaipu funcionam com o trabalho de três ‘mãos’ – a equipe de manutenção que colhe as informações, a Fundação UnB que centraliza as informações e a equipe de engenharia que recebe os dados da FUB e os repassa à área técnica. Ele informou que todos os sismógrafos serão trocados por outros mais modernos e uma das estações do lado paraguaio será mudada de lugar. Por estar próximo a uma rodovia, o sismógrafo daquela estação captava o ir e vir dos caminhões.