Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Responsabilidade Social
Rio+20: comunidades indígenas representam a BP3 no Rio de Janeiro
Tamanho da letra
15/06/2012

Indígenas das comunidades avá-guarani Tekoha Añetete, Tekoha Itamarã e Tekoha Ocoy, atendidos pela Itaipu Binacional, na região Oeste do Paraná, demostram na Rio+20 que as usinas hidrelétricas, quando adotam boas práticas socioambientais, podem contribuir para melhorar a qualidade de vida e preservar a cultura das populações do seu entorno.
      
Nesta quinta-feira (14), 40 deles, todos integrantes de um coral, subiram ao palco para mostrar a riqueza da cultura guarani. O coral é um dos principais instrumentos de integração dessas comunidades. “Com práticas como o artesanato e o coral, o modo de ser guarani é valorizado, constituindo-se no principal pilar para a sustentabilidade”, afirma a gerente da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu, Marlene Curtis.

Encontro de etnias

O grupo de indígenas do Oeste Paranaense participa da programação da Kari-Oca, encontro paralelo à Rio+20 que reúne 400 índios de 14 etnias brasileiras, além de representantes de tribos dos Estados Unidos, Canadá, Japão, México e Guatemala. A apresentação, feita a convite do líder indígena e idealizador da Kari-Oca, Marcos Terena, fez parte da solenidade de abertura dos Jogos Verdes Indígenas.
   
Terena conheceu o coral na última edição do evento Cultivando Água Boa (CAB) da Itaipu Binacional, realizado em Foz do Iguaçu. Segundo o líder indígena, o importante é garantir que os povos indígenas consigam manter a sua cultura e tradição espiritual, ao mesmo tempo que têm a oportunidade de acessar novos conhecimentos, educação bilingue e também alternativas de geração de renda. “Percebi isso nesse novo modelo de gestão da Itaipu e do povo indígena guarani da região”, afirmou o líder.

Ações sociambientais

Entre as ações que a Itaipu desenvolve para beneficiar as comunidades indígenas estão o cultivo de peixes em tanques-redes, melhorias na infraestrutura (construção de casas e cascalhamento das estradas internas) e nas práticas agropecuárias, por meio da aquisição de equipamentos para plantio, insumos, animais e sementes, preparo de solos, apoio à bovinocultura de leite, à apicultura e assistência técnica com técnicos indígenas e não-indígenas.
    
Nas três reservas, as famílias são acompanhadas e orientadas no tratamento preventivo contra a desnutrição infantil. Elas participam de cursos e orientação para o uso de alimentos, plantas medicinais e aromáticas.
   
A sustentabilidade alcançada nas comunidades tem, inclusive, atraído famílias indígenas de fora da região. Em 2010 e 2011, nas reservas do Itamarã e do Añetete, o número da famílias passou de 25 para 35 e de 45 para 73, respectivamente. Hoje, as três comunidades abrigam cerca de 260 famílias (1.300 pessoas).
   
De todas as tribos

Durante a Kari-Oca, os avás tiveram contato com outros índios, das etnias Kayapó, Karajá, Assurini, Xavante, Xerente, Guarani Kaiowá, Pataxó, Terena, Javaé, Bororo Boe, Kamayurá, Pareci e Manoki.  Nos próximos dias, eles devem participar de palestras e debates em torno da Carta Indígena, além de encontros para tratar de assuntos como sustentabilidade, cultura da espiritualidade e reivindicação de marcação de terras.

Durante a parte da manhã, a Kari-Oca é palco de palestras e debates em torno da Carta Indígena da Kari-Oca 2012 e, à tarde, há jogos e atividades culturais. "Nós estamos participando da Rio+20 para servir de testemunhas e fazermos pressão para que os governos comecem a prestar atenção na gente”, explicou Terena.
   
Segundo ele, a comunidade indígena não precisa de uma política social de dependência. “Precisamos aprender que nem tudo depende dos governos, mas também da articulação e capacidade da sociedade de construir o futuro".

Denúncia

Terena denunciou a situação de violência vivida por diversos índios, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por conta da expansão agrícola imposta por grandes produtores rurais sobre as terras indígenas.
    
"Alguns povos vivem uma crise muito grande de violação de seus direitos, inclusive com pessoas assassinadas e sem nenhuma prisão ou resultado de proteção legal. A questão indígena não pode ser transformada em uma questão de polícia."
    
Além dos atritos que ameaçam índios localizados próximos às regiões urbanas, Terena destacou o perigo iminente que o aumento das fazendas sobre as florestas poderão causar em comunidades até hoje isoladas.