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Oficializada a criação da rede Brasil-Biogás
27/08/2009
Com cerca de 50 participantes, o workshop ministrado desde segunda-feira no Parque Tecnológico Itaipu pelo professor Thomas Amon, da Universidade de Viena (Áustria), terminou na quarta-feira com a criação da rede Brasil-Biogás. A rede tem como objetivo reunir e divulgar informações e experiências sobre tecnologias no campo da geração de energia a partir da biomassa residual da agropecuária, agregando pesquisas feitas em diversas partes do país por diferentes instituições. O projeto contará com o apoio da EU-Agro-Biogas, iniciativa semelhante feita na Europa, com a participação de 13 países, e que é coordenada pelo professor Amon.
Ao final do workshop, os pesquisadores escolheram os responsáveis pela coordenação da rede Brasil-Biogás. Cícero Bley, superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, será o coordenador; Gláucio Roloff, também da Itaipu, será o secretário; e o professor Jorge de Lucas Júnior, da Unesp de Jaboticabal, atuará como facilitador.
Segundo Lucas Júnior, a rede é uma iniciativa que beneficiará não apenas os produtores, mas também os pesquisadores do assunto, pois agregará todo o conhecimento disponível no país sobre a implantação de biodigestores. “Isso proporcionará melhores serviços, principalmente assistência técnica para os produtores”, afirmou.
A Unesp de Jaboticabal é uma das instituições brasileiras que há mais tempo pesquisam as tecnologias relacionadas à produção de biogás (desde 1974). As linhas de investigação da universidade vão desde o manejo dos dejetos em diferentes culturas (bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos) à eficiência na produção de gás.
O pesquisador da Embrapa Airton Kuntz também elogiou a iniciativa que, de acordo com ele, permitirá nivelar os conhecimentos entre as diferentes regiões do país. “As informações são criadas muitas vezes de maneira isolada e fragmentada, mas agora passam a estar concentradas em um só local. Como a Embrapa está presente em todo país, tem o maior interesse em levar esse conhecimento a todas as regiões”, disse.
Essa também é a opinião de Romario Rosseto, da Cooperbio, do Rio Grande do Sul. Para ele, a produção de energia renovável em harmonia com a produção de alimentos é estratégica para o país e, para que ocorra, precisa da cooperação entre centros de pesquisa, empresas públicas e agricultores, a exemplo do que está se construindo com a rede Brasil-Biogás. “No Rio Grande do Sul, temos um projeto de microdestilaria de álcool, com o intuito de criar uma alternativa aos insumos derivados do petróleo. A ideia, agora, é eletrificar a microdestilaria com biogás da suinocultura e do vinhoto”, adiantou Rosseto.
A rede de cooperação já começa a funcionar virtualmente, através do site do Observatório de Energias Renováveis da Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), no endereço www.observatoriobrasil.org.
Conforme Cícero Bley, entre as primeiras iniciativas está a confecção de um termo de cooperação entre a rede brasileira e o professor Thomas Amon. Bley ressaltou que não se pretende importar soluções da Europa, mas sim fomentar o desenvolvimento de tecnologias próprias, no Brasil. “O entusiasmo dos participantes do workshop com o professor Amon demonstrou que existe um enorme potencial no país, no campo da energia renovável do biogás”, afirmou.
Na Europa
Um dos principais objetivos da EU-Agro-Biogas é demonstrar a eficiência da produção de biogás sem a necessidade de subsídios para os produtores rurais. Na Áustria, por exemplo, a geração de energia elétrica e de energia térmica a partir dessa fonte representa 10% da matriz energética do país. São 325 plantas de biogás (usinas), com capacidade média de 300 kilowatts, totalizando 80 megawatts de potência instalada. A meta é chegar a 8 mil usinas nos próximos anos.
A EU-Agro-Biogas é uma rede interdisciplinar que aborda diversos temas, como aspectos econômicos e ambientais, tecnologias e métodos, e principalmente pesquisas no campo da bioquímica. Uma das linhas de estudos desenvolvida pelos europeus consiste nas combinações de resíduos como restos de lavouras de grãos e palhas, com diferentes tipos de dejetos (de animais, indústrias de alimentos e até residenciais) para obter uma maior eficiência nos processos de biodigestão e formação do biogás. O banco de dados da rede contém mais de 10 mil informações sobre diferentes misturas de dejetos.
Além de ajudar a rede brasileira a se organizar e a cooperar entre si, Amon diz acreditar que o tipo de pesquisa descrito acima, cujos resultados são de livre acesso para qualquer pesquisador, ajudará muito nos estudos a serem desenvolvidos no Brasil.
Mais informações: www.plataformaitaipu.org
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