A usina de Guri representa 63% de todo o consumo de energia
elétrica da Venezuela.
Itaipu participa do esforço brasileiro para ajudar a Venezuela a enfrentar a maior crise de eletricidade de sua história. O engenheiro Mário Lúcio Ozelame, assistente do diretor técnico executivo, fez parte da comitiva brasileira destacada pelo governo para estudar a situação daquele país, junto com técnicos de Furnas, Eletrobrás, Cepel e Eletronorte, além de um representante das distribuidoras da Eletrobrás.
A comitiva foi liderada pelo assessor da Presidência da República, ministro Marco Aurélio Garcia, e pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Segundo Mário Lúcio, a seca que atinge a Venezuela é a principal causa do colapso no abastecimento. Na usina de Guri, que responde por 63% do consumo venezuelano de eletricidade, o nível do reservatório está muitos metros abaixo do normal. E é esta uma das possibilidades identificadas pelos técnicos que foram à Venezuela: como aproveitar mais a geração de Guri, mesmo atingindo níveis inferiores ao mínimo previsto pelo projeto.
Mário Lúcio conta que um grupo de trabalho formado por especialistas brasileiros irá analisar documentos técnicos e até propor ensaios nas unidades geradoras de Guri para avaliar a possibilidade de que operem, sem risco, fora das condições previstas em projeto.
Algumas empresas de hidreletricidade brasileira têm experiência nesse assunto, já que em 2001, quando o Brasil enfrentou um racionamento de energia, várias usinas operaram com níveis de reservatório inferiores aos mínimos de projeto.
Entre outras medidas adotadas pelo governo da Venezuela para enfrentar a crise energética, passaram a ser utilizadas maciçamente lâmpadas fluorescentes compactas - mais econômicas - e foi colocado em operação um programa de instalação de grupos geradores a diesel.
Entre as possibilidades, está a de aumentar a
geração de Guri, mesmo com água em
níveis abaixo dos previstos em projeto.
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Do Brasil, os venezuelanos pediram apoio para recuperar a capacidade de geração em instalações antigas com problemas para funcionarem e, no caso de Guri, como conseguir que gere mais do que atualmente.
Guri é fundamental para que aquele país atravesse o período de secas com eletricidade suficiente para se manter. O grande problema é que o período de chuvas só deve chegar em maio, e o fenômeno El Niño – que no Brasil castiga o Sul e o Sudeste com chuvas intensas e contínuas – foi inclemente no Norte da América do Sul, com meses seguidos sem uma gota de chuva.
Sem possibilidade de aumentar o suficiente a produção, a Venezuela se vê na contingência de racionar eletricidade, com algumas ações nesse sentido já adotadas. Como a experiência brasileira em 2001 foi considerada um sucesso – o país reduziu o consumo em 20% -, técnicos venezuelanos vêm ao país para estudar as medidas adotadas por aqui.