Os 40 minutos seguintes ao final do jogo entre Brasil e Costa do Marfim, no último domingo (20), provocaram um aumento da produção de energia em Itaipu suficiente para suprir o consumo de energia elétrica de seis cidades do porte de Curitiba.
                              
Enquanto os torcedores brasileiros comemoravam a vitória por 3 a 1, as unidades geradoras de Itaipu passaram a produzir de 8.400 MW a 11.100 MW – um aumento de 2.700 MW, equivalente a 60% do máximo de consumo de energia elétrica do estado do Paraná.
           
O fenômeno é um reflexo do comportamento do sistema elétrico em todo território nacional em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo, que registra queda do consumo durante os 90 minutos de atuação da seleção canarinha, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
                                                   
Os 15 minutos de intervalo sinalizam a importância dos jogos na demanda energética do país. Neste período, o uso dos eletrodomésticos – com o abre-e-fecha de geladeiras, a utilização do micro-ondas – já provoca uma nova curva crescente no consumo, segundo dados do ONS.
            
No intervalo do jogo contra a Costa do Marfim, a rampa de crescimento de carga em todo território brasileiro representou o mesmo que o consumo de todo o estado de Espírito Santo e do Distrito Federal. Em 10 minutos, a elevação foi de 2.630 MW, de acordo com o ONS.
 
Quando recomeça o jogo, a demanda cai novamente e só volta a "explodir" quando o time brasileiro deixa o campo. Ao final das partidas, há sempre um pico de consumo no sistema que, no domingo, chegou a 10.720 MW em 24 minutos. Na prática, seria como ter "ligado" toda a demanda de energia em horário de pico da Grande São Paulo.
               
A queda da produção de energia e a brusca subida do consumo após as partidas do Brasil nos Mundiais são esperadas pelo ONS e por Itaipu, a maior geradora de energia elétrica do mundo.

   
O comportamento atípico destes dias deixa a usina em "estado de alerta", com todas as 18 unidades geradoras, barras, linhas, subestações e trafos preparados para produzir a capacidade máxima ao final dos jogos. Essa preparação começa antes, com a definição do ONS da demanda esperada e o planejamento de Itaipu.
 
“Situações como esta são previamente planejadas. Estamos preparados para atender o aumento da demanda nos dias de Copa e em outras datas atípicas, como em dias de eleição e feriados prolongados. Não há preocupação porque nos preparamos antes das partidas. Geramos o que o ONS estabelece e por isso nossa queda na produção nem é tão acentuada”, explica o gerente da Divisão de Programação e Estatística da usina, Jercemil Roberto Ribeiro.
 
Em dias de jogo, não há manutenção preventiva e as máquinas são disponibilizadas ao máximo. Todas as 18 unidades geradoras ficam disponíveis para geração, inclusive com capacidade reduzida, possibilitando um processo chamado tecnicamente de "reserva girante". Caso seja necessário aumentar a produção, basta abrir as palhetas do distribuidor admitindo mais água nas turbinas, que imediatamente esta energia é transformada e injetada na rede de transmissão.