Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Responsabilidade Social
Fitoterápicos de Itaipu ganham o País
Tamanho da letra
15/06/2010

Um posto de saúde acanhado, numa pequena rua do bairro Ouro Verde, periferia de Foz do Iguaçu, transformou-se em centro de atenção de todo o País e até do exterior. É de lá que saiu a história do policial Cícero Manuel de Souza, que superou uma grave depressão com o uso de plantas medicinais.  

 
A transformação na vida de Cícero foi contada no último dia 28 no programa Globo Repórter, da Rede Globo. Ele é paciente da médica Christiane Lopes Pereira, que há cinco anos trabalha com fitoterápicos na unidade de saúde.
  
Toda a matéria-prima usada no tratamento – ou seja, os saquinhos com os chás medicinais – é produzida pelo Ervanário da Itaipu, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), a partir de uma parceria com os médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sem custo algum para o município.
   
Pelo telefone
 
Desde que o programa foi ao ar, o telefone do posto de saúde não parou de tocar; nem o do consultório da doutora Christiane; e nem o do Refúgio Biológico. “Na segunda-feira foi uma loucura. O telefone tocava aqui, tocava em casa, no celular, me procuravam em Itaipu, no (Hospital) Costa Cavalcanti. Uma pessoa chegou a dizer que eu era um anjo que foi colocado na vida dela”, disse a médica.
     
As ligações chegavam de todos os lados – Curitiba, Estado do Mato Grosso, Tocantins. No último sábado, ela recebeu uma telefonema da Itália – uma brasileira que mora no Velho Continente assistiu ao programa e queria orientações sobre as plantas medicinais. Do Rio Grande do Sul, um grupo de senhoras está agendando para as férias de julho uma “excursão” para se consultar com a médica.
  
Refúgio Bela Vista
  
No Refúgio Biológico Bela Vista não foi diferente. “Eu mesma atendi telefonemas de São Paulo e de Salvador. Mas recebemos ligações até do Rio de Janeiro, Amazonas... Foram três dias de muitas ligações”, disse o técnico agrícola Nereu Klehm, que atua no local há cinco anos.
     
A calmaria só voltou na quinta-feira (3) – e isso porque era feriado de Corpus Christi.
 
Mas não foram só telefonemas: a caixa de e-mails do Refúgio ficou lotada. Segundo Altevir Zardinello, coordenador do projeto de plantas medicinais do Programa Cultivando Água Boa, mais de mil mensagens chegaram de todo o Brasil e também de países como Bolívia, Chile e Uruguai. Nesta quarta-feira, ele recebeu uma delegação da Prefeitura de Maravilha (SC), interessada em implantar o projeto naquele município.
 
“Nunca vi nada igual. Já tivemos reportagens com repercussão, mas desta vez foi muito maior. As pessoas ficaram sensibilizadas e querem saber mais informações sobre as plantas, querem comprar os chás. Muita gente ligou também só para nos parabenizar, para elogiar o nosso trabalho, para dizer que a gente tem que continuar”, contou.
 
Por carta    
 
No pequeno consultório do bairro Ouro Verde, quando a reportagem do JIE esteve no local, a doutora Christiane – que é ginecologista e atende no posto pelo Programa Saúde da Família (PSF) – mostrou uma carta escrita à mão que acabara de chegar de Formiga, interior de Minas Gerais. “É uma pessoa que tem depressão e quer saber como se tratar, se pode usar a mesma fórmula do Cícero”.
  
Não pode. Christiane ressalta que cada paciente deve ser avaliado individualmente, por meio de consulta médica, e uma fórmula que dá certo para um não necessariamente vai trazer resultados positivos para outro.
 
Consulta diferente
     
Na Grande Porto Meira, onde começou o programa com fitoterápicos, a médica reserva dois atendimentos diários para pacientes do SUS. Ampliar o número é inviável devido à especificidade do tratamento com plantas medicinais: a consulta é mais demorada, de 40 minutos a uma hora; são avaliados não apenas o problema que levou o paciente ao consultório, mas hábitos alimentares, histórico de tabagismo, alcoolismo, atividade física etc. Se fosse assim para todos os pacientes, o fluxo de atendimento no posto de saúde ficaria comprometido.
    
Apesar das dificuldades, a cada dia o trabalho ganha corpo. Nesta semana a médica começaria o tratamento de um grupo de 15 fumantes que pretendem largar o cigarro. “Vamos usar apenas plantas medicinais e psicoterapia”, adiantou.