Energia
Em palestra no RJ, Vianna apresenta resultados e projeta os desafios da Itaipu
07/12/2017
Nessa quarta-feira (6), dia em que a usina de Itaipu superou os 88,6 milhões de megawatts-hora (MWh) de produção parcial no ano, o equivalente à geração registrada no mesmo período em 2008, quando a binacional teve a quarta melhor marca de geração, o diretor-geral brasileiro da empresa, Luiz Fernando Leone Vianna, falou sobre os resultados positivos da binacional e os desafios da maior geradora do mundo. A apresentação foi feita para uma plateia de 70 pessoas, na sede da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro (FGV-RJ).
Na palestra, que integrou o ciclo “Energia em Foco – Estratégias e Desafios para o Futuro”, promovido pela FGV-RJ, o diretor anunciou que a usina está a caminho de fechar o ano com uma produção de 95 milhões de MWh, a quarta melhor de sua história, apesar do atual cenário hídrico desfavorável.
O desempenho operacional de Itaipu, a partir do melhor aproveitamento hídrico, faz com que a empresa seja a recordista mundial de geração de energia, embora a potência instalada de Itaipu seja equivalente a 60% da usina chinesa de Três Gargantas, maior do mundo em capacidade. “Estamos gerando muito, mesmo nesta fase difícil pela qual passa o nosso sistema”, afirmou. “O segredo de nossa produção está em aproveitar melhor a água que chega ao nosso reservatório. Procuramos aproximar a operação da disponibilidade hídrica”, completou.
A apresentação de Vianna foi acompanhada por diretores da FGV-Energia, jornalistas e especialistas de renome do setor elétrico, como Altino Ventura Filho, ex-presidente da Eletrobras, ex-diretor-geral brasileiro e técnico de Itaipu e que ocupou o cargo de secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia.
Na palestra, o diretor-geral abordou temas como a importância da integração energética entre os países, a eficiência operativa de Itaipu, os resultados obtidos pela hidrelétrica nos últimos anos e, por fim, os desafios para o futuro. Entre eles, estão a atualização tecnológica da usina – que tornará os sistemas de controle 100% digitais – e a revisão do Anexo C em 2023, que dispõe sobre a comercialização de energia.
Desafios
Antes da conferência, Vianna atendeu jornalistas e falou sobre a privatização da Eletrobras. Segundo o diretor, a saída de Itaipu da Eletrobras para a futura estatal energética, em vias de criação pelo governo federal, não afetará a binacional do ponto de vista estrutural ou comercial. “Para Itaipu não muda nada, apenas estudos da área Jurídica. O Tratado diz que Itaipu será representada pela Eletrobras ou outra entidade que substitui a Eletrobras”.
De acordo com o diretor, o projeto de lei para a criação da estatal já foi concluído pelo Ministério de Minas e Energia e deve seguir, em breve, para apreciação do Congresso.
Na coletiva, o diretor também afirmou que lançará os editais em 2018 para a atualização tecnológica da usina, prevista para ser desenvolvido ao longo de dez anos e que deve consumir cerca de US$ 500 milhões. O trabalho deve tornar 100% digitais os sistemas de controle e automação das unidades geradoras.
Sobre os desafios para 2023, Vianna também fez questão de elucidar um ponto estabelecido no corpo do Tratado de Itaipu: o Brasil só pode vender a energia de Itaipu para o Paraguai, e vice-versa. "Para ser diferente disso teria que mudar o Tratado". Apenas a aquisição do serviço de eletricidade, feita hoje pela Ande no Paraguai e pela Eletrobras no Brasil, e a tarifa calculada a partir da potência e pelo custo, são os aspectos que podem ser revistos em 2023. "A forma de comercializar pode ser revisada, porque não está no corpo do Tratado e sim no Anexo C, que será revisto após 50 anos [em 2023]".
Binacionalidade e integração
A importância de Itaipu para a integração regional foi um dos pontos de partida da apresentação de Vianna. Em sua opinião, Itaipu é referência nesta área, tendo em vista que a parceria entre o Brasil e o Paraguai é um sucesso diplomático, comercial e de financiamento. “Entendemos que outras parcerias na área de geração e transmissão de energia deveriam existir para que ocorresse uma integração total entre os países, com otimização dos recursos existentes”. Em 2016, a usina atendeu 76% do [consumo do] Paraguai. Neste ano, este percentual subiu para 85%. No Brasil, a contribuição de Itaipu foi de 17% no ano passado e está em 16% neste ano.
A geração a partir da hidroeletricidade, uma fonte limpa e renovável, é compatível com o desenvolvimento sustentável, conforme o diretor. “Dados mostram que Itaipu contribuiu com 30% da restauração da Mata Atlântica do Paraná”, exemplificou, ao apresentar as ações socioambientais do empreendimento. Estes números comprovam que uma usina hidrelétrica como Itaipu proporciona de benefícios além da produção de energia. “Seu impacto ambiental é positivo, principalmente em função do reservatório, que tem outras utilizações, como abastecimento de água, lazer, turismo, navegação e criação de peixes”, afirmou. “A comunidade local se beneficia muito de uma usina deste tipo”.
Para Vianna, questões como essas precisam ser divulgadas, especialmente no momento em que o Brasil encontra dificuldade de continuar a exploração de seu potencial hidrelétrico, em particular das usinas localizadas na Amazônia. “Quando planejadas com todo cuidado, elas se tornam promotoras do desenvolvimento sustentável e da preservação ambiental onde se encontram. O exemplo de Itaipu é positivo e ajudará o país a discutir a viabilidade de continuar explorando seu potencial hidrelétrico."
Sustentabilidade e tecnologia
Outro exemplo de promoção da sustentabilidade é o Programa Veículo Elétrico, desenvolvido pela Itaipu e parceiros. Como amostra da iniciativa, Itaipu expôs na Esplanada do Centro Cultural FGV do Rio de Janeiro um Twizy, veículo 100% elétrico desenvolvido pela Renault e montado pela Itaipu.
Compacto, leve e com um projeto inovador, o Twizy é fruto de uma parceria entre a FGV Energia, Itaipu Binacional e Eletrobrás com a Renault e faz parte do Programa Veículo Elétrico (VE). Este programa integra os projetos socioambientais e de inovação tecnológica desenvolvidos pela usina e em 11 anos de existência já montou mais de 40 veículos – de jipe a avião – em parceria com diferentes empresas. Com autonomia de 100 km e velocidade de até 80 km/h, sua bateria tem capacidade de 6.1 kWh e é recarregada em cerca de 3,5 horas.
“Trouxemos o Twizy para o Rio com o intuito de desmistificar e sanar as dúvidas que ainda persistem sobre os veículos elétricos, mostrando que isso não é um sonho. A participação na matriz de veículos elétricos é imprescindível para o Brasil e para o mundo como um todo”, afirmou o diretor executivo da FGV Energia, Carlos Otávio Quintela.
“Muito mais do que uma geradora de energia elétrica, Itaipu é um empreendimento que contribui para o desenvolvimento tecnológico do país – a exemplo deste carro elétrico – e para a melhoria das condições ambientais do entorno de seu reservatório”, concluiu Vianna.
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