Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Institucional
Cúpula Social do Mercosul: 'a integração só acontece pela democracia'
Tamanho da letra
15/12/2010

Intelectuais renomados defenderam a integração, o fortalecimento dos movimentos sociais e a superação das políticas neoliberais da década de 90 na abertura da 10ª Cúpula Social do Mercosul, nesta terça-feira (14) à noite, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A diversidade dos países da região foi representada logo no início do encontro, quando jovens ativistas de diferentes países e de diferentes movimentos sociais – como negros e indígenas –, subiram ao palco do Cineteatro dos Barrageiros.
    
“A cúpula é um evento de convergência entre governo e sociedade civil, e movimentos sociais, populares, que atuam em favor da integração latino-americana”, explicou Renato Martins, assessor especial da Secretaria Geral da Presidência da República e coordenador geral do encontro. “A ideia é permitir que esse diálogo entre povo e governo, em torno da temática da integração, possa ocorrer de maneira participativa e democrática”, completou.
   
Logo após a cerimônia de abertura, o reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Hélgio Trindade, abriu a conferência “Integração, Democracia e Desenvolvimento”. A mesa reuniu quatro dos principais pensadores da esquerda latino-americana: Marilena Chauí, da Universidade de São Paulo; Aldo Ferrer, da Universidade de Buenos Aires; Gerardo Caetano, da Universidade da República do Uruguai; e Emir Sader, da Universidade Federal Fluminense.

“Sem os movimentos sociais e populares, é impossível consolidar a democracia”, ressaltou Marilena Chauí, que fez a primeira conferência do dia. Ela comentou que o fato de a Cúpula Social ser realizada em Itaipu, cuja construção começou durante o regime militar, tem um significado simbólico especial. “Hoje, Itaipu abre espaço para discutir uma nova América-Latina: que é a da inclusão, bem diferente do passado. Está dando exemplo de integração pela democracia. E isso é fantástico".  
     
Para Aldo Ferrer, “a tarefa da integração, para ter êxito, tem que ser simultânea”. “Em sociedades de diferentes tamanhos e diferentes níveis de desenvolvimento, quanto mais exitosos os países, mais possível será a integração”, destacou, ressaltando a “extraordinária riqueza cultural”, das nações latino-americanas.
      
Para o historiador Gerardo Caetano, do Uruguai, a diversidade cultural observada no auditório dos Barrageiros, com bandeiras de diferentes países e movimentos sociais, representava o “embrião de uma sociedade em formação”. “Não há desenvolvimento possível sem integração”, reforçou. “A tentação para o caminho solitário é a tentação para o desastre”.
    
Emir Sader fechou o ciclo de conferências da noite lembrando que os processos de desenvolvimento e de integração latino-americano experimentaram um salto extraordinário na última década, sobretudo após a ascensão de governos populares em países como o Brasil, Paraguai, Venezuela, Bolívia e Equador. Situação diversa da observada na década de 90, quando havia forte pressão dos Estados Unidos para formalização da Área de livre Comércio das Américas (Alca). “E por que mudou? Mudou porque os movimentos sociais assumiram a resistência ao neoliberalismo”.
     
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, disse que a realização em Foz do Iguaçu da Cúpula Social e também da Cúpula dos Presidentes do Mercosul – que será aberta nesta quinta-feira (16) – fecham com chave de ouro o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Foram oito anos que colocaram o Brasil no trilho do desenvolvimento, do crescimento econômico, da respeitabilidade internacional”, ressaltou o DGB. “Agora, fundamentalmente, o fato novo é que a América Latina inteira também está verificando esse crescimento. E Foz representa tudo isso.