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Meio Ambiente
Começa o Multicurso Água Boa
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29/03/2010

Um seminário com a participação de 720 pessoas (líderes comunitários, professores e técnicos ambientais) abriu no último sábado (27), o Multicurso Água Boa, resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Fundação Roberto Marinho. Na abertura do evento, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, destacou a importância da iniciativa, para resolver os passivos ambientais da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 – BP3 (conjunto de microbacias conectadas com o reservatório da hidrelétrica).

 


A solenidade de abertura contou com a participação
do gerente de Telecomunicação da Fundação Roberto Marinho, Nelson Santonieri, ao lado do DGB,
Jorge Samek.

  

Samek lembrou que se trata de uma área maior do que muitos países. Segundo ele, sem educação, gestão, ciência e tecnologia não é possível dar conta dos enormes desafios que têm que ser vencidos para garantir a sustentabilidade dessa região, sendo o principal deles a geração de emprego e renda aliada à preservação do meio ambiente. “Com o Cultivando Água Boa, a Itaipu reuniu diversos parceiros como cooperativas, universidades, sociedade civil e órgãos de governo, e agora conta com essa importante ferramenta de educação a distância para dar conta desses desafios”, afirmou.

 

A solenidade de abertura também contou com a participação do gerente de Telecomunicação da Fundação Roberto Marinho, Nelson Santonieri. Ele lembrou que a metodologia que está sendo posta em prática já comprovou sua eficiência, como no Multicurso Matemática, aplicado no Espírito Santo, em que a iniciativa contribuiu para elevar a média dos alunos, como comprova o levantamento do Seab, aferido pelo Ministério da Educação.   

 


O curso reúne 720 pessoas da comunidade.

  

A expectativa é repetir o sucesso com o Água Boa, que tem o objetivo de fortalecer e difundir a cultura da água. “Quando a gente vê um rio como o Tietê morto, se pergunta se todo esse progresso material vale a pena. Por isso, precisamos do máximo de instrumentos para evitar a degradação ambiental”.   

 

O Multicurso é voltado a três públicos: professores, líderes comunitários e técnicos ambientais. Os dois primeiros terão uma carga horária de 144 horas e o terceiro, de 156 horas. Ao todo, serão 18 meses. 0s três primeiros já transcorreram, com a formação dos tutores. Agora, têm início os nove meses de aulas dos participantes. Os seis últimos serão dedicados ao desenvolvimento de projetos. Conforme a coordenadora acadêmica das Faculdades Anglo Americano e coordenadora de tutores do Multicurso, Patrícia silva Carvalho Gomes, a grande força do projeto está na formação de uma rede de aprendizagem colaborativa entre esses três segmentos da sociedade. 

 


Nelton: “O Multicurso é uma extensão daquilo que
já vínhamos fazendo no Cultivando Água Boa, que é trabalhar com as pessoas, sem apontar culpados, e esperar que o diagnóstico, as prioridades e as
soluções partam delas".

  

Durante a tarde de sábado foram realizadas oficinas em que os participantes tomaram contato com a metodologia e aprenderam sobre o papel de cada um dos envolvidos no processo. A cada 15 dias, haverá uma reunião presencial de cada subgrupo (líderes, professores ou técnicos) em cada município. A cada dois meses, haverá uma reunião de todos os participantes em cada município.

 

Já as atividades a distância (via internet) são ininterruptas, através de chats, fóruns, e-mails, etc. Além disso, são dois tipos de tutores: o mediador, que fica em contato direto com os participantes no ambiente virtual e o monitor, encarregado das atividades presenciais. “Os planos de ação terão continuidade. Então, é um processo que não acaba com o fim do curso”, afirma o engenheiro agrônomo Daniel José de Souza, que é tutor mediador do curso.

 

Foco nas pessoas
Segundo o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, que abriu o seminário inicial do Multicurso com uma palestra sobre o programa socioambiental Cultivando Água Boa, o principal diferencial da parceria com a Fundação Roberto Marinho é o foco na participação individual e comunitária. “O Multicurso é uma extensão daquilo que já vínhamos fazendo no Cultivando Água Boa, que é trabalhar com as pessoas, sem apontar culpados, e esperar que o diagnóstico, as prioridades e as soluções partam delas. Não se trata de impor um manual”, afirmou o diretor.

 

Para a bióloga e educadora ambiental Valéria Casado, que é coordenadora de tutores, o multicurso vem ao encontro do amplo processo de educação ambiental que já está em curso na Bacia do Paraná 3. “É um reforço importante, pois o Multicurso agrega um elemento a mais que é a educação a distância. Isso facilita a participação nos diversos municípios”, comentou.

 

Outro palestrante do seminário foi o consultor Eduardo Shana, que explicou para os participantes um forma simples e inovadora de planejar, baseada em uma matriz denominada Tevep (Tempo, Evento, Espaço, Pessoas), que permite configurar e reconfigurar diversos eventos encadeados, de acordo com sua relevância e complexidade. “A natureza está sempre se reconfigurando, diferentemente da sociedade, que é mais rígida”, comentou o consultor, acrescentando que a matriz permite melhorar a quantidade, a velocidade e a qualidade dos eventos. “Um dos projetos que adotou essa matriz, por exemplo, possibilitou a construção de uma casa em dois dias”.

 

Margareth Closs, de Marechal Cândido Rondon, que já conhecia e adotou a metodologia defendida por Shana em uma cooperativa de catadores de recicláveis, garante que os resultados são rápidos e muito positivos. “É uma forma muito objetiva de organizar as atividades do dia-a-dia e de otimizar o tempo”, atesta.

 

Presente na solenidade de abertura, o prefeito de Medianeira, Elias Carrer, que também é presidente da Associação dos Municípios Lindeiros, comentou sobre o sucesso da experiência piloto do Multicurso que foi conduzida em seu município por 90 dias. “Foi uma experiência muito positiva. Para Medianeira, é uma satisfação muito grande participar da construção desse novo caminho de desenvolvimento, com respeito ao meio ambiente”, disse. “Quando duas instituições como a Itaipu e a Fundação Roberto Marinho se unem, é certeza de um ótimo resultado”.

 

Aparecida Costa é professora das redes municipal e estadual de ensino. Para ela, o multicurso oferecerá ainda mais subsídios para trabalhar com conteúdos ambientais com os alunos, algo que ela já vem fazendo desde 2002, além de participar em um projeto de recomposição das matas ciliares nos rios do município. “Espero que esse trabalho conjunto com 720 pessoas da região seja uma forma da gente construir políticas públicas para o meio ambiente”, afirmou.