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Tecnologia
Unila: vitória histórica do Paraná
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13/12/2007

Artigo de Jorge Samek* publicado na edição desta quinta-feira (13) da Gazeta do Povo.

 

O anúncio oficial da criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) – realizado ontem (12/12) pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Planejamento, Paulo Bernardo – é o melhor presente que nós paranaenses poderíamos esperar neste Natal. Essa instituição será erguida em Foz do Iguaçu, na região da tríplice fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina. Do ponto de vista geográfico, portanto, não poderia haver uma localização mais apropriada para uma universidade inteiramente voltada para a integração da América Latina.

 

O Paraná ganha a sua terceira universidade federal, juntando-se ao seleto grupo de estados com maior número de instituições federais de ensino superior, do qual já fazem parte Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Finalmente, a voz dos paranaenses está sendo ouvida em Brasília. No primeiro mandato do Presidente Lula, conquistamos a Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTP), a única do gênero no país. Agora, o Paraná é premiado com uma nova universidade pública, que terá como características singulares um currículo bilíngüe e um corpo discente e docente formado por professores e jovens oriundos de todos os países da América Latina.

 

A Unila é um marco. Não um marco de delimitação de fronteiras. Mas um símbolo de abertura inédita do Brasil para os seus vizinhos. Sua meta é atender dez mil estudantes em cursos de graduação e pós-graduação. Quando o projeto estiver plenamente implantado, daqui a quatro anos, a Unila terá um orçamento anual de R$ 136 milhões e um quadro de 500 docentes, metade deles recrutados de todos os países da região como professores visitantes. A Unila terá um impacto tremendo no desenvolvimento econômico da região da tríplice fronteira.

 

A Unila nasce do desejo sincero do Presidente Lula de promover uma verdadeira integração, que deve necessariamente envolver o campo cultural, educacional e científico. Devemos repetir qualquer postura tacanha contrária a abertura de uma universidade pública aberta a todos os países latino-americanos. A criação da Unila terá que ser aprovada pelo Congresso Nacional. A bancada paranaense terá uma papel decisivo para garantir celeridade na tramitação do projeto de lei assinado ontem pelo Presidente Lula e pelos ministros Fernando Haddad e Paulo Bernardo.

 

O Brasil é um país relativamente jovem, que ainda convive com um significativo atraso educacional. Nossas primeiras universidades somente foram criadas no início do século XX. As universidades de maior prestígio no mundo são centenárias. A mais antiga da Europa é a Universidade de Bolonha, criada em 1088, que está perto de completar um milênio.

 

A Universidade do Paraná, criada em 1912, foi a primeira do Brasil. Depois de lutar pelo seu reconhecimento por 38 anos, foi transformada em Universidade Federal, em 1950. Na origem da UFPR, está a luta do povo paranaense para se consolidar como um Estado. Nasceu, portanto, voltada para a afirmação da identidade paranaense e comprometida com um projeto de desenvolvimento sustentável para o Paraná. A consolidação do Paraná deve-se muito às lutas dessa universidade. O Paraná de hoje não existiria sem o papel desempenhado pela sua primeira universidade.

 

Agora, ao aproximar-se do seu primeiro centenário, a UFPR desenvolve um ousado projeto no Litoral, berço dos paranaenses. A UFPR-Litoral busca o resgate dos quatro séculos de história dessa região. Ontem, ao anunciar medidas complementares ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o ministro Fernando Haddad fez questão de destacar o pioneirismo da UFPR no desenvolvimento de cursos profissionalizantes a distância, saudando o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior pela iniciativa. Devemos nos orgulhar da UFPR por tudo o que ela já fez e vem fazendo pelo Paraná e pelo Brasil em quase um século de existência.

 

A Unila nasce inspirada nos mesmos ideais: pretende contribuir para afirmação da identidade latino-americana, para o resgate da história dos nossos povos e para o desenvolvimento sustentável de toda América Latina. A Unila será um espaço institucional de encontro entre os povos latino-americanos, dedicando-se à geração de conhecimento vinculado à realidade dos países da região. Contribuirá, portanto, para uma reflexão sobre os problemas e desafios da América Latina.

 

Não tenho qualquer dúvida de que pesou na escolha de Foz do Iguaçu – além da sua localização privilegiadíssima – o extraordinário trabalho que vem sendo realizado pelo Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e com outras instituições públicas e privadas. Outro fator decisivo foi o compromisso assumido pela Itaipu Binacional, que disponibilizou espaço físico para instalação provisória da Unila e fará a doação do terreno para a construção do campus.

 

Hoje, temos um efervescente pólo tecnológico sendo constituído em torno do PTI. A instalação da Unila será decisiva para consolidar Foz do Iguaçu como uma cidade universitária e tecnológica. A educação transforma-se, assim, no principal vetor de desenvolvimento sustentável da região da Tríplice Fronteira.

 

* Jorge Miguel Samek, engenheiro agrônomo graduado pela UFPR, é Diretor-Geral Brasileiro da Itaipu Binacional.