Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Tecnologia
Projeto Cauã: até 3 milhões de empregos no País
Tamanho da letra
22/10/2009

O diretor-executivo da Linux International, John “Maddog” Hall, viu no Brasil o local ideal para implantar um projeto que pretende revolucionar o uso de computadores no mundo. Ele apresentou nesta quinta-feira (22), pela manhã, durante a 6ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), o Projeto Cauã, que pode criar de 2 a 3 milhões de empregos no país.

 


John “Maddog” Hall
Em resumo, Maddog destaca ser possível, por exemplo, reduzir o consumo de energia dos computadores, que gastam em média 200 a 300 watts por hora, e passariam a consumir apenas 10 watts/hora. Além disso, ele propõe melhorar a relação entre homem e computador, por meio da usabilidade facilitada.

 

O diretor da Linux pretende implantar o projeto-piloto no país em abril ou maio do ano que vem. “E, depois de três meses de piloto, se obtivermos sucesso, então começaremos a abri-lo, para que as pessoas sejam capazes de obter a informação e gerar seus próprios serviços”, destacou.

 

Hall acredita ser possível, ainda, “dobrar o número de programadores de software livre no mundo, melhorar a educação de forma geral, permitir que o mundo todo economize cerca de R$ 10 bilhões por dia e, acima de tudo, conseguir tudo isso sem nenhum dinheiro dos contribuintes”. Para ele, “tudo é possível. Só depende do quão arduamente nós tentarmos”.

 

O que o leva a crer no projeto é que “nenhuma nova tecnologia precisa ser inventada para isso. É uma combinação de hardware e software existentes. É só unir tudo isso e torná-lo disponível livremente. Então, ninguém tem de pedir permissão a ninguém para fazer isso. Tudo é baseado em números e estatísticas, e eu ficaria feliz em analisar esses números com qualquer pessoa”.

 

O projeto

 

O Projeto Cauã baseia-se em três pilares: hardware, rede e empreendedorismo. John Hall garante ter o projeto de um computador de baixíssimo custo (ThinClient), que não possui disco interno e nem as ventoinhas para resfriá-lo — por isso o consumo de energia é muito baixo. O equipamento possui sistema operacional Linux apenas para conectar a um servidor, que realizará todo o processamento.

 

Diante da informação de que 80% da população brasileira habitam as capitais, Maddog afirma que pretende conectar todos os computadores de forma a criar uma grande bolha de rede sem fio. Cada ThinClient também será um roteador e compartilhará parte da sua banda de rede para os demais usuários.

 

Já o empreendedor será responsável por adquirir empréstimo bancário, comprar todos os equipamentos necessários, instalar e configurar o servidor, vender o serviço no seu prédio e na sua vizinhança, instalar os ThinClients, treinar os clientes usuários, agregar novos serviços profissionais, como construção de websites, prestar serviços de pós-vendas e manter a rede operacional.

 

Soma-se a isto o software livre, que pode ser modernizado e melhorado por diversas comunidades de qualquer parte do planeta, e o produto será de fácil atualização, para ser disseminado em grande escala.

 

Desafio

 

Para Maddog, o Brasil é caracterizado pelo empreendedorismo de seu povo, mas o principal desafio é o fato de que no país demanda-se um enorme esforço para se abrir um negócio. “No Canadá, você pode começar um negócio em um dia. No Brasil, leva uma média de 18 meses. É muito tempo”, comparou. Para ele, seria necessária uma ação governamental que fosse um caminho mais rápido para abrir negócios do projeto Cauã.

 

“Adicionalmente, o governo necessitaria licenciar essas pessoas”, explicou. Desta forma, “o governo tem que entender o que o projeto é, para ser capaz de licenciar as pessoas para fazer isso. Nós estamos levando isso extremamente a sério, e o governo precisa olhar para isso e abraçar o projeto”.

 

Quem é Maddog

 

Jon “Maddog” Hall é o diretor-executivo da Linux International, uma associação sem fins lucrativos de empresas de grande relevância internacional na área de TI que desejam promover sistemas operacionais baseados em Linux. O apelido lhe foi dado por seus alunos na Hartford State Technical College, onde ele era chefe do Departamento de Ciência da Computação. De acordo com Jon Hall, o apelido “veio de uma época em que eu tinha menos controle sobre meu temperamento”.

 

Jon trabalha com informática desde 1969, é utilizador de Unix desde 1977 e de Linux desde 1994. Preside a Linux International desde 1995. Jon Hall também é membro dos conselhos de várias empresas e organizações não governamentais, incluindo a Associação Usenix. Ele é reconhecido na comunidade de desenvolvedores e uma figura respeitada no movimento do software livre.