Adolescentes do Projeto Jovem Jardineiro colocaram à prova os exercícios de cidadania aprendidos em sala de aula e levaram para a comunidade de Foz do Iguaçu uma série de ações socioambientais nesta semana.

As atividades, desenvolvidas pelos próprios garotos e garotas, começaram no domingo (14), no Teatro Barracão, no evento Café com Teatro. No local, os jovens fizeram doações e incentivaram o plantio de mudas de árvores nativas.

Na manhã desta terça-feira (16), os 21 adolescentes do projeto se dividiram em duas ações simultâneas, mas com a mesma finalidade: estimular crianças e outros adolescentes a repensarem suas relações com a natureza e o com o consumo.

Eles estiveram no Colégio Estadual Cataratas, no bairro Três Bandeiras, para conversar com estudantes do 1º ano do ensino médio, e na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) da Avenida Paraná, onde promoveram atividades lúdicas com alunos do ensino fundamental.

Dia de festa

Na Apae, os jovens jardineiros promoveram uma manhã diferente para um grupo de dez alunos, com idade entre 9 e 16 anos. Na área externa da escola, eles se juntaram aos estudantes, portadores de deficiência, para reproduzir dinâmicas de grupo aprendidas em Itaipu.

Com a “teia da vida”, brincadeira na qual todos em uma roda são conectados por um único fio de barbante, eles mostraram como as pessoas e suas responsabilidades estão interligadas. “Queríamos compartilhar a experiência do que aprendemos e ajudá-los a pensar na natureza”, disse o jovem jardineiro Marcelo Aparecido de Souza, 17 anos.

"Achei legal porque aprendemos que, reciclando, cuidando do meio ambiente, não maltratando os animais e ajudando as pessoas podemos até mudar o mundo”, disse Vitor Manoel Guimarães Borges, 11 anos, aluno da Apae. Para o colega de Vitor, Cleiton dos Reis, 16 anos, a presença dos jovens jardineiros valeu a pena porque fez as crianças “se mexerem um pouco”. “A brincadeira é muito legal”, disse o aluno, sorridente.

Graduados em cidadania

As atividades encerram um ciclo de oficinas frequentadas pelos jovens e preparadas pela Educare, empresa incubada no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). Desde o início do ano, eles participaram de treinamentos de 350 horas/aula com temas como flora e recursos naturais renováveis, plantas medicinais, empreendedorismo social, multiculturalismo e práticas de cultivo, entre outras.

“Na oficina sobre consumo consciente, eles tiveram a oportunidade de refletir sobre a sociedade consumista, desde os problemas do desperdício e do descarte, até questões relativas à estética, como o uso de produtos de grifes”, explicou o gestor do Projeto, Vinícius Ortiz.

Ortiz explica que, apesar do nome, o Projeto Jovem Jardineiro não tem como premissa formar adolescentes em jardinagem. As técnicas do ofício são ensinadas, mas elas compõem apenas um dos módulos da proposta. A ideia é que os adolescentes terminem os nove meses da experiência com uma visão de cidadania ampliada; daí a importância das atividades feitas com a população, segundo o gestor.

“Pretendemos desenvolver nestes jovens o espírito da cidadania. Por isso eles desenvolvem essas ações com a comunidade. Não se trata de assistencialismo, mas de engajamento social”, afirmou Ortiz.

A coordenadora pedagógica da Apae, Eliane Jung, acredita na proposta do projeto. “É um bom trabalho, que complementa o conteúdo socioambiental desenvolvido aqui na escola”.