Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Responsabilidade Social
Lula entrega carrinhos elétricos de Itaipu em MG
Tamanho da letra
04/09/2008

O presidente Lula não poupou elogios ao carrinho elétrico para catadores de materiais recicláveis desenvolvido pela Itaipu Binacional e apresentado ontem no 7º Festival Lixo e Cidadania, em Belo Horizonte (MG). O presidente afirmou que nos dois últimos dias testemunhou dois grandes exemplos da engenharia nacional: visitou as instalações da Petrobrás para a perfuração do pré-sal, no Espírito Santo, e agora entregava os veículos elétricos da Itaipu.

 

“Ao mesmo tempo em que a gente vê um exemplo de engenharia tão sofisticada como é a extração de petróleo em alta profundidade, pela Petrobrás, a gente vê a engenharia da Itaipu se simplificar a tal ponto de poder atender a uma classe de trabalhadores como a dos catadores”, disse Lula. “São duas empresas brasileiras superando limites”.

 

Lula participou nesta quarta-feira da entrega de cinco carrinhos elétricos que serão testados por catadores de Minas Gerais. Desses, três ficarão em Belo Horizonte, um em Contagem e um em Itaúna. Também participaram da solenidade, que reuniu cerca de 2 mil pessoas, o vice-presidente José Alencar e os ministros Patrus Ananias de Sousa, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e Marcio Fortes de Almeida, das Cidades. Na ocasião, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, assinou um convênio com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

 

Segundo Samek, a intenção da Itaipu ao desenvolver um projeto como esse tem a ver com a humanização da energia elétrica. “Essa energia que vai embarcada no carrinho é a energia da liberdade; liberta o catador de ter de empregar a força física e abre novas perspectivas para a atividade dos catadores”, afirmou.

 

O convênio assinado por Itaipu com o MNCR prevê apoio tecnológico, a criação de uma base cadastral sobre os veículos, cooperativas e trabalhadores a ser abrigada no servidor do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a elaboração de um manual de coleta seletiva que sirva para todo o país. “Esse manual servirá como um guia de trabalho, para que catadores e cooperativas se organizem e possam ser contratados pelas prefeituras como prestadores de serviço de limpeza pública”, acrescentou Samek.

 

A participação da Itaipu no Festival Lixo e Cidadania prossegue agora à tarde com a exposição do diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, no painel “Os 60 anos da trajetória da catação e função pública dos catadores de materiais recicláveis”.

 

Amanhã, será a vez do superintendente de Energias Renováveis, Cícero Bley, participar do painel “Domínio de Cadeias Produtivas e de Energias Renováveis”. Também participam das atividades aproximadamente 40 catadores da Região Oeste do Paraná.

 

O carrinho

 

O primeiro protótipo do carrinho foi entregue no Natal do ano passado pelo presidente Lula ao MNCR. Essa primeira unidade foi testada em São Paulo por vários catadores. Os resultados animaram e em julho deste ano a Itaipu entregou mais 50 carrinhos, sendo que 30 ficaram em teste em Foz do Iguaçu e outros 20 foram encaminhados para cooperativas de catadores de capitais como Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre para que outros catadores também os validassem antes de sua colocação em mercado.

 

Além dos testes de robustez dos materiais necessários para agüentar o batente diário nas ruas das cidades, já se começa a obter alguns resultados bastante significativos. Na média dos carrinhos testados viu-se que tendo sido equipados com pequenos motores elétricos de 1,0 HP os carrinhos têm condição de transportar mais de 300 quilos de carga.

 

Sua autonomia é de 4 a 5 horas de trabalho, o que dá em média 25 quilometros/dia de movimento contínuo. As duas baterias automotivas (comuns) juntas completam 60 Amperes, com 24 Volts. A recarga completa das baterias de um carrinho consome 1000 Wats de energia elétrica, sendo que esta operação completa leva em torno de 5 horas.

 

Desta forma o custo mensal da energia elétrica, que é o combustível dos carrinhos, é de apenas R$ 7,50, considerando 1 kW hora/dia em 25 dias de trabalho por mês ou 25 kW/mês de energia elétrica e o preço médio de R$ 0,30 por kW/hora. Ou seja, por um valor irrisório protege-se a saúde dos catadores e melhora-se sua condição de trabalho.

 

Também foi observado, em Foz do Iguaçu, que os carrinhos elétricos em teste produzem a renda média R$ 20 por viagem, ou carga, o que representa ao fim do mês um ingresso de R$ 500 por mês por catador. Com o carrinho elétrico muitos estão fazendo até duas cargas por dia o que pode dobrar esta renda. Na cidade de Foz, os carrinhos comuns rendem a metade disto, ou R$ 10 por carga, sendo praticamente impossível fazer duas cargas no dia.

 

O custo de cada carrinho é de R$ 4 mil e seu desempenho tem animado as instituições de fomento e desenvolvimento a vir a financiá-los diretamente para a cooperativas de catadores que serão responsáveis tanto pelas operações de coleta e manutenção, como pelo retorno dos financiamentos, que tal como se vê pelos resultados econômicos iniciais é uma operação financeira bastante segura e absolutamente viável.

 

Para garantir o controle do Movimento Nacional dos Catadores sobre toda a comercialização do carrinho elétrico, a Itaipu Binacional orientou também um arranjo de Economia Solidária entre o Movimento Nacional e a indústria que está montando os carrinhos, a Blest Engenharia de Curitiba. Por contrato, passa pelo Movimento toda a comercialização e assistência técnica dos carrinhos, pois cada um deles tem gravado em seu chassis um número de série, que identifica o carrinho e o seu condutor.