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Responsabilidade Social
Laboratório identifica Aedes contaminado em 45 min
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18/02/2016
Foz do Iguaçu (PR), na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, vai ganhar um laboratório de biologia molecular que será capaz de identificar, em apenas 45 minutos, se mosquitos Aedes aegypti estão infectados com o vírus de doenças como a dengue, a zika e a febre chikungunya.
 
Hoje, quando capturados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município, esses insetos têm de ser enviados para a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, e os resultados demoram de seis a nove meses para ficarem prontos.
 
Com o laboratório, que integrará o futuro Centro de Medicina Tropical da Tríplice Fronteira, a prefeitura poderá desencadear ações de prevenção em áreas de risco em apenas 24 ou 48 horas após a captura, evitando que o mosquito contaminado transmita a doença.
 
“Não precisaremos ter doentes na cidade para identificar onde o vírus da dengue está circulando. Será uma ação de prevenção muito mais efetiva”, afirmou a médica Flávia Trench, infectologista do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) e professora do curso de Medicina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
 
O anúncio do Centro de Medicina Tropical e do laboratório de biologia molecular foi feito nesta quinta-feira (18), na usina hidrelétrica de Itaipu, durante a assinatura de um acordo de cooperação entre a própria Itaipu, a prefeitura de Foz e a Fundação de Saúde Itaiguapy, que administra o HMCC.
 
Participaram da solenidade o prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira; o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek; a diretora financeira executiva, Margaret Groff; e o diretor-superintendente da Fundação Itaiguapy, Rogério Soares Böhm – entre outras autoridades. 
 
O novo centro vai funcionar em um imóvel localizado na Avenida Araucária (Vila A) e a expectativa é que entre em operação em cinco ou seis meses. O investimento para a compra de equipamentos e kits de testes será de aproximadamente R$ 2 milhões. “Os recursos estão garantidos e vamos iniciar [as obras] imediatamente”, afirmou Margaret Groff.
 
Jorge Samek destacou que o projeto mobilizou diversas entidades do município e o resultado será “blindar a região e ganhar essa guerra” contra o mosquito da dengue. “Onde está a chave do processo? É fazer a pesquisa no mosquito. O exame não precisará mais ser feito na pessoa. Vamos trabalhar com antecedência, fazendo a prevenção”, disse.
 
Reni Pereira lembrou que o município já comprou e distribuiu pela cidade milhares de armadilhas para capturar o Aedes aegypti. Com o laboratório, será possível rapidamente identificar e fazer o bloqueio das áreas de risco. “Essa tecnologia vai permitir que a gente, de fato, erradique a dengue”, avaliou.
 
A gestora do Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde (GT Itaipu-Saúde), Luciana Sartori, lembrou que a região de fronteira é um território atípico, que requer atenção especial. “O que acontece em um lugar, reflete no outro e, às vezes, no mundo inteiro”, salientou.
 
Segundo ela, o laboratório de biologia molecular vai reforçar as ações desenvolvidas pelo GT Itaipu-Saúde, como o sistema de indicadores de saúde na tríplice fronteira, em fase de conclusão, e um sistema de geoprocessamento, em parceria com o CCZ. “Essa iniciativa confirma que gestão inteligente não é combater, é prevenir. Chega de ser refém de mecanismos que não avançam e que comprometem a saúde não só minha, mas de todo o mundo.”
 
Flávia Trench comentou que no Brasil existem apenas outros dois laboratórios com a mesma metodologia – a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o Instituto Evandro Chagas, no Pará. “Aqui [em Foz], no entanto, o nosso foco será mais atrelado ao serviço local. Por isso, com essa agilidade e essa praticidade, eu acredito que será um trabalho único”, comentou.
 
De acordo com a médica, um dos benefícios do centro será evitar a dispersão desnecessária de inseticidas no meio ambiente. Além disso, o laboratório poderá ser usado para identificar causadores de outras doenças, como a leishmaniose visceral e a malária, e também em estudos em animais e seres humanos.
 
“Será uma revolução em termos de prevenção e de possibilidade de pesquisas. Poderemos produzir novas tecnologias e transformar Foz do Iguaçu em um polo de pesquisa, produção e conhecimento, com impacto muito grande na saúde da população”, concluiu.