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Energia
Itaipu participa de estudo inédito sobre energia solar no meio rural
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19/10/2016
Três propriedades rurais da região Oeste do Estado do Paraná vão participar de um estudo inédito para analisar a viabilidade técnica e econômica da produção de energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos. A expectativa é que os resultados sirvam de base para elaboração de políticas públicas de incentivo à nova tecnologia no meio rural. 
 
O convênio foi assinado na manhã desta quarta-feira (19), em Medianeira (a 60 km de Foz do Iguaçu), e reúne Itaipu Binacional, Programa Oeste em Desenvolvimento, Sistema Ocepar – a Organização das Cooperativas do Paraná, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI).
 
As propriedades rurais que receberão os módulos fotovoltaicos serão escolhidas pelas cooperativas Lar, C.Vale e Copacol, que também assinam o convênio. Cada uma das três propriedades-piloto receberão uma cobertura de 180 m² de módulos fotovoltaicos, o correspondente a uma produção de 20 kW ou 2 MWh ao mês. 
 
A pesquisa será feita por quatro doutores do Centro de Energia Solar da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que tem 20 anos de pesquisa em energia solar e a experiência de ter fabricado os próprios painéis fotovoltaicos.
 
O projeto tem previsão de conclusão em três anos. Sua coordenação ficará a cargo do superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Herlon Goelzer de Almeida.
 
Estudos de caso
 
De acordo com o coordenador do Centro Brasileiro para o Desenvolvimento da Energia Fotovoltaica, Adriano Moehlecke, da PUC-RS, a pesquisa pretende medir o real custo da instalação dos módulos fotovoltaicos nas propriedades rurais, além de aferir a eficiência de cada painel e qual é a vida útil dos modelos, entre outras dúvidas.
 
“Estamos fazendo hoje o que a Alemanha fez na década de 90”, resume Moehlecke. Segundo ele, o projeto prevê a implantação do sistema de energia solar conectado à rede de distribuição de energia elétrica, além do monitoramento e do estudo de produtividade dos módulos.
 
“Não temos uma padronização do sistema fotovoltaico no meio rural, por isso é necessário um projeto tão longo”, explicou Adriano. Com os resultados, será elaborado um estudo de caso real, com análise de viabilidade econômica e o manual de recomendações técnicas. Estas informações devem fomentar políticas públicas e um mercado ainda incipiente de energia solar. 
 
Oeste em Desenvolvimento 
 
Segundo Almeida, a necessidade de avaliar o uso da energia solar no meio rural surgiu nas reuniões das câmaras técnicas de proteína animal do Programa Oeste em Desenvolvimento, que tem o objetivo de promover a economia e a sustentabilidade da região Oeste do Paraná por meio de ações integradas.
 
Ele explicou que as propriedades rurais no País já contam com subsídios na tarifa de energia elétrica para reduzir os custos de produção e tornar os produtos mais competitivos no mercado. Mesmo assim, os gastos com esse item na cadeia do agronegócio ainda são muito altos – estão entre os três maiores custos de produção.
 
“Por isso, a energia solar pode surgir como uma possibilidade interessante para o produtor, aumentando ainda mais a competitividade das commodities e contribuindo para o desenvolvimento sustentável”, avaliou.
 
Potencial de crescimento
 
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, lembrou que o aproveitamento solar para produção de energia elétrica tem crescido de forma acelerada no mundo, atendendo a necessidade de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Somente em 2014, foram instalados 38,7 GW de potência com painéis solares, ou 2,7 vezes a potência de Itaipu. Em 2015, o mundo contava com 227 GW de potência instalada nesta matriz energética. 
 
No Brasil, entretanto, a participação da energia solar ainda é tímida – apenas 0,02% da capacidade instalada ou 59 MW. Samek avalia que a geração distribuída (quando a fonte está próxima do consumo) ajuda na diversificação da matriz e reduz a urgência de investimentos em linhas de transmissão, distribuição e implantação de grandes usinas.
 
“A matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo, com predominância da hidreletricidade. Mas não podemos nos acomodar e a geração distribuída é um novo caminho. No futuro, o agricultor vai produzir a sua própria energia”, estimou.
 
Para o diretor de Itaipu, a união da universidade com as cooperativas é vital para o desenvolvimento desta nova tecnologia. “Fazemos aqui o encontro da oportunidade com a competência”, disse Samek. “A PUC e o nosso Parque Tecnológico têm competência para tocar esta pesquisa e as cooperativas são a locomotiva do Oeste Paranaense”, ilustrou.
 
Almeida acrescentou que a energia solar no Brasil tem um potencial gigantesco a ser explorado, com uma irradiação média de 1.700 a 2.400 kWh/m² ano – superior, por exemplo, à da Alemanha, país onde essa tecnologia está mais disseminada. 
 
Legislações recentes (como a Resolução Normativa 482/0212, da Aneel, que permite a micro e a minigeração com um modelo de compensação de energia) estão ajudando a transformar essa realidade nas cidades. Falta agora dar esse impulso no meio rural, conclui Almeida.
 
Solenidade
 
Além de Moehlecke, Samek e Almeida, também participaram da solenidade em Medianeira o superintendente do Sebrae-PR, Orestes Hotz; o presidente da Ocepar, José Roberto Ricken; o presidente da Cooperativa Lar, Irineo da Costa Rodrigues; o presidente da C.Vale, Alfredo Lang; o presidente da Copacol, Valter Pitol; o diretor-superintendente da Fundação PTI, Juan Carlo Sotuyo; e o presidente do Oeste em Desenvolvimento, Mario Costenaro; entre outras autoridades.