Exemplo de tecnologia eficiente e de vanguarda que resulta em ganhos sociais e ambientais, os primeiros carrinhos de coleta de material reciclável movidos a eletricidade, desenvolvidos pela Itaipu, chegaram hoje às mãos dos catadores de Foz do Iguaçu. Em cerimônia realizada nesta manhã, na Central de Armazenagem, o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, oficializou a doação do lote inaugural dos veículos que substituem as carroças de tração humana ou animal. No total, 18 unidades foram entregues, duas para cada um dos nove barracões de armazenamento e triagem de material reciclável do município.

Tudo sem emitir poluentes e a um preço baixo, estimado em R$ 4 mil. “Financiado em 60 meses, o seu pagamento poderá ser feito em prestações muito baixas”, ressaltou Samek. “Logo serão cinco, dez mil carrinhos como esses espalhados pelo País”, estimou o DGB.

A entrega desta manhã foi apenas a primeira de muitas previstas. Somente em 2008, 50 carrinhos devem ser entregues: 35 para catadores da região da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3) e 15 para o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCMR). “Ele poderá ser fabricado em qualquer parte do Brasil”, afirmou Samek. Além de elevar a auto-estima e de estimular uma maior produção dos catadores e, com isso, mais renda, o carrinho inicia um círculo virtuoso e auto-sustentável. “Itaipu promove agora o fechamento de um ciclo, que se consolidará a partir do momento em que a recarga das baterias for feita com a energia produzida dos aterros sanitários da região.”

Desenvolvimento

Os carrinhos têm motor com potência de um cavalo, podem carregar até 500 quilos, bateria com duração de seis horas e com tempo de recarga total também de seis horas. Cícero Bley Júnior, coordenador da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, fez questão de destacar a ajuda que a nova ferramenta vai proporcionar aos trabalhadores. “Eles farão praticamente apenas a coleta, enquanto o transporte será feito quase sozinho pelo carrinho”, explicou. O ganho potencial com a novidade foi lembrado pelo diretor de Coordenação, Nelton Friedrich. “Temos, somente na nossa região, 1850 catadores no Projeto Coleta Solidária. Cada um, junto da sua família, forma uma população de uma pequena cidade que gradativamente está se desenvolvendo e que, agora, poderá evoluir ainda mais.”

Sacrifício aliviado

Durante a solenidade, nos olhos do catadores era visível um sentimento misto de ansiedade e curiosidade. Sem acanhamento, antes e após os discursos, eles começaram a testar a nova ferramenta de trabalho. “Não vejo a hora de poder usar”, admitiu a catadora Elisângela Borges. “Essa é uma grande evolução, que valoriza o nosso trabalho e alivia o nosso sacrifício”, disse Viviane Mertig, do Instituto Lixo e Cidadania, a porta-voz dos catadores na solenidade. Seus colegas concordam.

“É muito melhor do que empurrar. Vai facilitar porque não vai cansar tanto”, avaliou Jurandir dos Santos. “Vai ajudar muito na parte pesada do trabalho”, afirmou Rubens Ferreira. Na tarde de amanhã, os catadores passarão por um treinamento para operar o pequeno veículo. No domingo, dia da abertura do Fórum Global de Energias Renováveis, sediado em Foz do Iguaçu e com o apoio da Itaipu, os carrinhos elétricos já estarão circulando pela cidade.