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Energia
Hidrelétricas devem apoiar fontes renováveis
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20/05/2008

O debate “Condições de Mercado para a Energia renovável versus Combustíveis Fósseis”, promovido hoje (terça-feira) pela manhã, no Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu, apresentou um novo panorama mundial com respeito ao tema. Especialistas discutiram a viabilidade da interligação do sistema hidrelétrico às fontes renováveis de energia. 

 


O diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek
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Segundo os especialistas, o mercado mundial aponta para o caminho da sinergia do sistema hidrelétrico às fontes renováveis de energia. O Brasil, neste contexto, aparece à frente dos demais países, com 44% da matriz baseada em fontes alternativas. O resto do mundo detém apenas 13,2% de energia renovável.

 

Já as fontes não-renováveis - petróleo e derivados – somam 87,8% da capacidade produtiva energética no planeta. O Brasil é considerado privilegiado ao oferecer espaço geográfico e clima adequados para o desenvolvimento de fontes renováveis, como a energia eólica, geotérmica e os biocombustíveis.

 

Numa análise global, a fusão das tecnologias deve garantir equilíbrio ambiental entre a produção de energia e o impacto socioambiental, com vistas a reduzir custos operacionais e a emissão de poluentes à atmosfera.  O conceito é moderno dentro das corporações do sistema elétrico mundial. Nele, os países superam o objetivo arcaico das décadas anteriores de apenas massificar a produção energética ao priorizar as relações sociais e de sustentabilidade econômica das regiões atingidas pela construção de usinas.

 

Plataforma Itaipu

 

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, falou sobre as experiências da usina nesse sentido. A empresa desenvolve na região da Bacia do Paraná III, que abrange 29 municípios, o projeto “Plataforma Itaipu de Energias Renováveis”, como forma de promover a associação com projetos alternativos de produção de energia.

 

Uma das bases da plataforma opera no município de São Miguel do Iguaçu. Lá, os dejetos de suínos e aves da Granja Colombari passam por um biodigestor que os transforma em biogás. A energia produzida serve para o abastecimento da propriedade e também como fonte de renda, já que o excedente da energia é vendido à Copel. A sobra dos dejetos orgânicos tratados vira fertilizante natural. “Promovemos o saneamento ambiental da região, ao evitarmos que os dejetos sejam despejados na natureza, garantimos uma nova fonte de renda ao produtor e asseguramos a autonomia energética da propriedade”, disse Samek. 

 

A Itaipu mantém ainda outro programa similar. Em uma pequena estação da Sanepar, em Foz, o esgoto tratado na unidade também gera energia ao produzir gás metano, em um sistema aperfeiçoado em parceria pelas duas empresas. 

 

Em outra frente, Itaipu trabalha no projeto de desenvolvimento do primeiro carro elétrico brasileiro, que não emite nenhuma forma de poluente atmosférico. “Devemos criar novas formas de geração de energia renovável, sempre com a preocupação de proteger o meio ambiente, mantendo o equilíbrio social”, ressaltou Jorge Samek.

Energia sustentável 

 

Richard Taylor, diretor-Executivo da International Hydropower Association, acredita que a combinação de energias deve ocorrer de maneira sustentável. Ou seja, programas do gênero, avalia, precisam acontecer planejadamente, de forma a integrar os recursos naturais e as tecnologias aplicadas para o desenvolvimento socioeconômico dos países. “Devemos preservar o compromisso da sustentabilidade econômica e ambiental”, frisou.

 

Tal sinergia, diz Taylor, ocorre em várias nações, com a integração de fontes renováveis de energia como a eólica e geotérmica às usinas de hidroenergia. Assim, as hidrelétricas devem operar como a principal matriz, apoiadas pelos sistemas paralelos de produção energética. O analista aposta ainda na evolução do modelo de hidroenergia através da modernização das tecnologias e da redução de custos operacionais. “Podemos reduzir ainda mais custos com o movimento de reaparelhamento das hidrelétricas, que conseguem atualmente cada vez maior aproveitamento da água utilizada para gerar energia”, salientou.

 

O gerente técnico Shree Govind, do Projeto Binacional Pancheshwa, que prevê a construção de uma usina binacional na fronteira da Índia com o Nepal, falou sobre a experiência e as dificuldades para a consolidação do projeto. O debate tem sido bastante acirrado nos dois países, principalmente no que se refere à questão da legislação ambiental, aos impactos sociais na região e ao convênio firmado entre os ministérios de Minas e Energia de cada nação.

 

A visita ao Brasil, segundo Govind, é bastante oportuna para conhecer o Tratado de Itaipu, e entender o processo de negociação política entre Brasil e Paraguai, na década de 1970, para a construção binacional da Usina de Itaipu. “É uma oportunidade excelente neste momento em que discutimos a política hidroelétrica dos nossos países”, disse.

 

N.P. Singh, representante do Ministério de Novas Fontes Energéticas e Energias Renováveis da Índia, destacou a política de engenharia jurídica da Itaipu Binacional. “A criação da empresa deverá nos inspirar para o acordo com o Nepal na construção da usina. O Brasil é um exemplo para o mundo e devemos segui-lo”, declarou.