Líder mundial na geração de energia limpa e renovável


José Domingos 
Gonzalez Miguez
Energia
Fórum polariza debate sobre biocombustíveis
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19/05/2008

Em duas décadas de estudos, o Brasil conseguiu ampliar a produção de biocombustíveis de três para sete metros cúbicos por hectare. O programa nasceu em 1975, numa escolha de risco do governo, quando o petróleo estava cada vez mais em alta e as fontes alternativas de energias apenas no campo da teoria e da desconfiança. Hoje, a realidade é outra. O país detém tecnologia de ponta na área, despertando o interesse de nações pelo mundo todo. Tem causado, entretanto, temor aos EUA e aos países do continente europeu, com aparente receio de perder a hegemonia no mercado mundial de combustíveis. 

 

A produção de biocombustível brasileiro polarizou opiniões no debate “Conexões entre Mudança Climática, Segurança Energética e Energia Renovável”, promovido nesta segunda-feira à tarde, no Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu. De um lado, a luta para a expansão da tecnologia ao resto do planeta.

 

Na outra ponta, dúvidas quanto aos possíveis impactos ambientais gerados pela produção dos biocombustíveis, a relação com a alta do preço dos alimentos e a necessidade de aprimoramento das técnicas aplicadas atualmente.

 

José Domingos Gonzáles, secretário-executivo da Comissão Interministerial sobre Mudanças Climáticas no Brasil, considera o programa estratégico para a auto-suficiência da matriz energética do país e à expansão comercial das nações em fase de desenvolvimento. “Os biocombustíveis aparecem como verdadeiras oportunidades comerciais, dentro de uma nova indústria no mercado mundial”, frisou.

 

Para Gonzáles, os biocombustíveis são partes da solução e não um problema, como os EUA e a comunidade européia têm lançado em toda a mídia. “Eles (biocombustíveis) surgem como uma pequena solução dentro de um apanhado de soluções de energias renováveis que estamos estudando as técnicas”, ressaltou.

O africano Stephen Kartezi, diretor da Rede de Pesquisa de Política Energética Africana, aposta no programa brasileiro. O especialista acredita que o Brasil acertou ao investir nesta tecnologia. “O Brasil teve uma visão de longo prazo e encontrou a chave para o sucesso. Acho que os países africanos e de outros continentes devem agir da mesma forma”, disse. 

 

Kartezi acredita ainda que a África (continente) não deve atender novamente os interesses dos europeus com respeito aos biocombustíveis. Ou seja, os africanos precisam permanecer atentos e em estado de alerta para uma possível ‘invasão’ européia, com o intuito de novamente colonizar as terras, a fim de ocupar áreas para o plantio de biocombustíveis, etanol e outros derivados de fontes renováveis de energia. “A África precisa aprender com o Brasil. Primeiro, devemos conhecer as técnicas, atender nosso mercado interno, para depois passarmos ao processo de expansão”, avaliou.

 


Katja Lautar
Katja Lautar, secretária de Estado da Eslovaca para a União Européia, teme a cultura dos biocombustíveis. “Deve haver primeiro uma grande discussão para determinarmos padrões mínimos de produtos renováveis”, disse. Além disso, a especialista acredita que sejam importantes novos estudos sobre os impactos ambientais teoricamente causados pelas fontes de energia alternativa. 

 

“Talvez vocês (brasileiros) tentam nos convencer de que não haja impacto ambiental na produção de alimentos. Mas estamos vivendo dificuldades no preço dos alimentos, em decorrência da escassez de grãos, causada pelas terras ocupadas pelo plantio de componentes dos biocombustíveis”, ressaltou.

 

Katja avalia, no entanto, que a transmissão do problema europeu para continente africano não seja a solução adequada. “Não existe solução nesse caso. Temos, sim, que rever os estudos sobre o tema, pois sabemos que o futuro pertence ao verde, à onda verde de negócios. Mas devemos promover uma legislação apropriada para o assunto”, frisou.
O espanhol Jaume Margarit, que representa o Instituto para Diversificação e Economia de Energia, defende o aprimoramento da tecnologia dos biocombustíveis e a diversificação da matriz energética, com base em fontes alternativas de energia. “O Brasil tem grande potencial, mas precisa obter energia com eficiência, independente da fonte retirada”, declarou.

 

Além das técnicas, o país, segundo ele, deve aperfeiçoar o sistema legislativo ambiental. “O Brasil precisa manter uma relação forte com as energias renováveis através de regulamentações adequadas e por tecnologias específicas. Nós, da Espanha, nos colocamos à disposição para acompanhar todo esse processo e aprendermos juntos com os brasileiros”, salientou.

 

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Rodney Smith

Rodney Smith


Katja Lautar


Participantes
José Domingos 
Gonzalez Miguez

Mesa de
debatedores

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