A abertura da 3ª Assembléia Regional Latino-Americana da Iniciativa das Religiões Unidas (URI, do inglês United Religions Initiative), realizada na quinta-feira, no Refúgio Biológico Bela Vista, fez do abrigo de plantas e animais o cenário de um encontro singular. Lá se reúnem, até domingo, dia 31, representantes de várias religiões, crenças e filosofias que, apesar das convicções divergentes, têm muito em comum. O evento tem o apoio da Itaipu. A solenidade de abertura contou com a presença do diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, e do diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich.

Os participantes do encontro pregam o respeito às diferenças e têm os mesmos objetivos: a elevação da paz como prioridade universal e a defesa do meio ambiente. Segundo os organizadores, a meta da assembléia é promover a troca de experiências entre os membros da URI na América Latina.

Participam cerca de 120 pessoas, de 11 nacionalidades diferentes: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Estados Unidos, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela. A primeira assembléia latino-americana da URI aconteceu em 2002, no México; e a segunda em 2004, no Brasil (Curitiba) e no Peru.

São católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, hinduístas, budistas, espíritas e índios das mais diversas etnias latino-americanas, entre vários outros. As palestras, painéis e mesas-redondas debaterão a cultura e educação para a paz, liberdade religiosa, o cuidado com a água e o reflorestamento, além de mostrar as iniciativas indígenas de fortalecimento de identidade cultural e desenvolvimento sustentável.

Foz do Iguaçu e Itaipu

A cidade de Foz do Iguaçu foi escolhida para sediar a reunião porque, de acordo com o reverendo Elias de Andrade Pinto, membro do Conselho Global da URI, nela a imagem da tríplice fronteira, como sinal de integração, cooperação e convivência pacífica, é muito forte. “Isso está profundamente conectado com o ideal da URI, que é criar espaços de cooperação para a cultura de paz e justiça para todos”, justifica. “Estamos aqui para honrar a nossa diversidade, tratar da Terra em comunhão e trabalharmos na construção de um futuro melhor para a humanidade”, resume o reverendo Charles Gibbs, norte-americano presidente da URI.

O apoio da Itaipu ao evento ecumênico foi intermediado pelo Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata. “A proposta da URI é condizente com a do Centro de Saberes, pois o cuidado com o sagrado complementa o socioambiental”, afirma o reverendo Elias Pinto. Para o diretor-geral brasileiro, a água, matéria-prima da Itaipu, é também um dos símbolos mais fortes de várias religiões. “ Fico satisfeito em ver o cultivo das tradições dos povos indígenas e religiosidades de vários segmentos reunidas aqui, pois todos nós comungamos esse mesmo espírito, que é construir um planeta melhor e mais limpo”, diz o diretor-geral brasileiro.