Líder mundial na geração de energia limpa e renovável

Energia
Dejetos geram energia e rendem créditos de carbono
Tamanho da letra
19/02/2009

Com apoio da Itaipu Binacional, a Cooperativa Agroindustrial Lar, de Medianeira (Oeste do Paraná), passará a produzir energia elétrica a partir do dejeto de aves da sua unidade industrial localizada em Matelândia. Além disso, como reduzirá a emissão de gases na atmosfera, será compensada com créditos de carbono. 

 

O presidente da Lar, Irineu da Costa Rodrigues e o diretor-geral brasileiro, Jorge Miguel Samek.

 Foto: Jornal Integração

O projeto, inédito no Brasil,  foi desenvolvido pela cooperativa em conjunto com a empresa espanhola ZeroEmissions, do grupo Abengoa.O presidente da cooperativa, Irineu da Costa Rodrigues, um representante do grupo Abengoa, Javier Sanchez, e o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, apresentaram o projeto, nesta quinta-feira, a produtores rurais da região.

 

A cooperativa investiu R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano, ou seja, deixarão de ser emitidas para a atmosfera 20 mil toneladas anuais de CO2. A comercialização desses créditos irá gerar uma renda variável, que depende de cotação em bolsa, mas que deverá ser superior a 120 mil euros por ano. Esse comércio foi instituído pelo Protocolo de Kyoto e permite a países desenvolvidos, com metas apertadas de redução de emissões de gases estufa, adquirir créditos de países em desenvolvimento, através do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

 

Primeiramente, os efluentes da unidade industrial da Lar passam por um conjunto de peneiras e por um sistema de flotação. A matéria orgânica retirada nesses passos é utilizada como matéria-prima para ração. O restante do material líquido vai para os biodigestores, onde produzem o gás metano usado para a produção de energia. Os efluentes prosseguem para um conjunto de lagoas onde a água é retirada para reuso industrial e para irrigação. “Acreditamos que esse tipo de projeto vai crescer cada vez mais no Brasil por causa da preocupação ambiental”, afirmou Irineu Rodrigues, da Lar.

 

A Lar é exemplo do sistema de produção que predomina na região Oeste do Paraná, onde milhares de produtores, muitos deles integrados em cooperativas, dedicam-se a um conjunto de atividades que vai desde a produção de soja e milho, que servem como ração, à suinocultura, à avicultura e à bovinocultura de leite. O abate de aves na região, por exemplo, chega a 1 milhão de animais por dia. “É uma região que se especializou na transformação de proteína vegetal em proteína animal. E não é apenas para a produção de frango, mas de carne pré-cozida, temperada, enfim, produtos de alto valor agregado, muitos deles exportados, mas que representam impactos ambientais. Esse problema pode ser convertido em solução, possibilitando aos produtores rurais gerarem sua própria energia e abrindo novas oportunidades de emprego e renda para o campo”, disse Samek.

 

No caso da Lar, os créditos foram calculados pela ZeroEmissions e levam em conta três fatores: o tratamento aeróbico do gás metano (que é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico e que passa a ser capturado das lagoas de tratamento de efluentes para gerar energia), a cobertura das lagoas de tratamento (antes expostas) e a geração própria de energia limpa, a partir de fonte renovável. Ao deixar de consumir energia da rede pública, a cooperativa também diminui emissões, porque parte da energia disponibilizada pelo sistema elétrico brasileiro é produzida por termelétricas a gás e a carvão.

 

A Cooperativa Lar, com suas unidades de industrialização de aves, produção de leitões, e de vegetais, juntamente com a Fazenda Star Milk (bovinocultura de leite), a Granja Colombari (suinocultura) e a Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, da Sanepar, constituem as unidades de demonstração da Plataforma Itaipu de Energias Renováveis e que, no início de fevereiro, passaram a vender o excedente da energia que produzem para a Copel. A concessionária paranaense conduziu, ao longo dos últimos 18 meses, uma série de testes de segurança nas redes elétricas interna e externa, para garantir a viabilidade do processo. “A região Oeste do Paraná tem um enorme potencial para aproveitamento da biomassa que, quando desperdiçada, acaba poluindo os rios e indo parar no reservatório da Itaipu, provocando a sua eutrofização. Assim, a empresa vem agindo preventivamente, numa ação de responsabilidade socioambiental para a preservação da água, que é seu principal ativo econômico”, explicou o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley.