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Como se define a “cara” de um lugar? Na fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, onde vivem mais de 60 etnias, a identidade cultural da região precisava e foi pensada exatamente como ela é, multifacetária e cheia de peculiaridades. A resposta veio com o Nãndeva, programa de desenvolvimento do artesanato local, baseado num sistema de cooperativismo, incentivando a economia criativa.
Criado em 2004, o Ñandeva (que significa “Todos nós”, no idioma guarani) organizou e impulsionou o setor artesanal das três fronteiras, beneficiando atualmente quase 600 artesãos dos três países. E isso se deu por meio de capacitação técnica de artesãos, da transferência de tecnologias e da busca por canais de comercialização para os produtos certificados, num total de 1.200 em nove anos de existência.
O exemplo de empreendedorismo do programa será levado para o 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local. O evento será realizado no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu (PR), de 29 de outubro a 1º de novembro.
Cultura e renda
O Ñandeva contribui para o fortalecimento da identidade cultural da região, promoção de renda e oportunidade para os artistas locais, que antes do programa tinham pouca valorização de seus trabalhos. Com a ajuda de designers, eles deram um novo status para suas peças, hoje com entrada no mundo inteiro.
O programa é desenvolvido numa área que inclui os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu e também da província (estado) de Misiones, na Argentina, e na área oriental do Paraguai.
“Os produtos artesanais desenvolvidos pelo Ñandeva caracterizam-se pela combinação perfeita entre o cuidado com a natureza, a cultura da região e a criatividade do artesão”, diz Gorette Milioli, coordenadora do programa. E complementa: “Por isso, uma peça nunca é exatamente igual à outra, podendo haver pequenas variações de cores, tamanhos, formatos, materiais e uso da iconografia”. O mais importante é o valor que se agrega a cada uma dessas peças, única.
Números
Em nove anos de existência, o programa contabiliza um total de 571 artesãos cadastrados, 245 oficinas realizadas, mais de 5.500 artesãos capacitados, 299 participações em feiras e eventos, seis produções bibliográficas e mais de 3 mil visitantes recebidos. O número de atendimentos personalizados também impressiona: 1.775 no total.
O programa já certificou e comercializou mais de 1.200 produtos. “Esses produtos enfrentam incessantemente o desafio de equilibrar a promoção da cultura local (inserção de elementos de identidade) com a viabilidade comercial (custo, preço de venda e valor percebido)”, explica Gorette.
Os produtos do Ñandeva também são uma ferramenta de promoção turística. As peças produzidas pelos artistas da região das três fronteiras já representaram o artesanato brasileiro na Espanha, Itália e em Londres, na Inglaterra. Todas as grandes personalidades que visitam a Itaipu recebem o artesanato como souvenir.
Comercialização
Os principais pontos de vendas dos produtos certificados são cinco lojas no Brasil, uma delas no Centro de Recepção do Visitante da Itaipu, e uma na Coart, quiosque do PTI, outras duas na Argentina. A comercialização das peças também é feita pelo portal. Com a organização do trabalho, as vendas já ultrapassaram a marca de R$ 1,3 milhão.
A sede do Ñandeva funciona no Centro de Tecnologia para o Artesanato, CCTA, localizado dentro do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Entre os parceiros do programa estão: Fundação PTI (Brasil e Paraguai), Itaipu, Sebrae, Conselho dos Municípios Lindeiros, Instituto Paraguayo de Artesanía, Universidad Nacional de Misiones e Fundación Artesanía Misioneras.